quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Solução para o entulho de obras em Belo Horizonte

E o entulho vai para onde?

Gestão correta e econômica de resíduos, como o excesso de terra, é dúvida comum a quem está com obras em casa e até mesmo entre profissionais da construção civil

Especialistas recomendam o uso de pequenos volumes excedentes de construções em canteiros de obras próximas para nivelar o terreno

O crescimento da consciência da importância de preservar o meio ambiente tem feito com que os consumidores exijam cada vez mais que as empresas aliem desenvolvimento econômico à responsabilidade ambiental. Na área da construção, o destino de resíduos gerados por obras é um dos assuntos que tem feito as organizações atuarem de forma ecologicamente responsável. Atualmente, os aterros ainda são muito usados para colocação das sobras da construção civil. Entretanto, soluções como a reciclagem têm produzido mudanças que, além de sustentáveis, são econômicas. As transformações são o reflexo do que comprova pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com o Instituto de Estudos da Religião (Iser), em 2006, que registrou que a conscientização do brasileiro em relação ao meio ambiente aumentou 30% nos últimos 15 anos.

Uma das iniciativas nesse sentido foi a criação da certificação ISO 14.000, desenvolvida pela International Standards Organization (ISO) para diminuir o impacto provocado pelas empresas ao meio ambiente. Com sede em Genebra, na Suíça, a Organização Internacional para Padronização (traduzido para o português) reúne mais de 100 países com a finalidade de criar normas internacionais. Cada país tem um órgão responsável por elaborar suas normas, que, no caso do Brasil, é a Associação Brasileira das Normas Técnicas (ABNT).

Leia a continuação desta matéria:
Lixo vira matéria-prima
Reaproveitamento é regulamentado

Dos resíduos da construção civil, a terra é um dos que se encontram em maior abundância. Segundo o geotécnico e professor do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix Antônio Ananias de Mendonça, para implantação de uma edificação não deveria haver significativos movimentos de terra. "Mas, como em geral não há compatibilização dos diversos projetos em suas fases de elaboração, o que se verifica frequentemente são incompatíveis cortes do solo e ou conformação de aterros, que é a incorporação de mais solo ao terreno", explica.

De acordo com o professor, do ponto de vista econômico e ambiental, o ideal seria que houvesse compensação de cortes e aterros. "Ou seja, que o volume de solo cortado pudesse ser integralmente aproveitado na conformação de aterros", diz Antônio Mendonça. Ele acrescenta que, no caso da construção de imóveis em terrenos que foram aterrados, inclusive os controlados, são necessários cuidados especiais para prevenir danos na estrutura.

Conforme o superintendente de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte, Luiz Gustavo Fortini, uma das soluções para a terra proveniente de aterros com menores volumes é a utilização em obras localizadas nas proximidades, onde é necessário promover o aterramento para regularização de terreno. "O volume excedente a essa demanda deve ser transportado ao aterro de inertes da SLU ou a bota-foras autorizados pela prefeitura. Antes de promover o desaterro, o responsável deverá solicitar orientação na Secretaria de Administração Regional à qual a obra está circunscrita", esclarece.

"Antes de promover o desaterro, o responsável deverá solicitar orientação na Secretaria de Administração Regional à qual a obra está circunscrita" - Luiz Gustavo Fortini, superintendente de Limpeza Urbana da PBH

Na administração regional, o responsável pela obra deverá solicitar informações quanto às autorizações de terraplenagem e de tráfego de terra a ser retirada, além de informações quanto ao aterro de inerte e locais de bota-foras autorizados pela PBH. "Quando for o caso de obtenção de alvará de construção, o processo será analisado pela Secretaria Adjunta de Regulação Urbana. Para empreendimentos considerados de impacto, será necessário obter licença na Secretaria Municipal de Meio Ambiente", completa Luiz Gustavo Fortini.

INTERNET

Outra opção apresentada pelo superintendente da SLU é o Banco de Recicláveis da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A instituição disponibiliza, gratuitamente, a oferta e a procura por materiais no site www.bolsadereciclaveis.com.br. Uma das opções é o Banco de Terras. "Nele, o responsável pela obra pode ofertar o volume de desaterro que vai promover e esperar por algum interessado que porventura estiver precisando de terra para sua obra", informa.

A internet é uma das alternativas apresentadas pelo professor Antônio Mendonça para buscar um aterro. "A partir de uma busca rápida, é possível encontrar sites de bancos que ofertam e recebem solo, em que o custo às vezes cobre apenas o transporte, que varia em função da distância percorrida. Entretanto, são ofertas e recebimentos de solos da mais variada natureza e, em se tratando de aterros controlados, esta é uma observação que deve ser atentamente considerada", alerta.

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